2 ou 3 sinfonias urbanas
Paul Strand e Charles Sheeler, Manhatta, 1921 (fotograma)
"Comparado com o Décimo Primeiro Ano, O Homem da Máquina de Filmar é um passo em frente, uma vez que já não representa um tema que mantém toda a sua imagem ao longo da duração do filme, representando antes o colapso do tema e mesmo a dissolução dos objectos no tempo, às custas da expressão dinâmica. (...) Ambas as produções são ainda mistas, com duas polaridades, ou duas imagens. A imagem do lixo e a imagem do movimento dinâmico. (...) No entanto, Dziga Vertov caminha inexoravelmente em direcção a uma nova forma de expressão dos conteúdos contemporâneos (...) - da pura força e dinâmica.
(...) A dinâmica é o verdadeiro alimento do cinema, a sua essência.
Dziga Vertov não tenta analisar ou justificar a máquina, centrando-se no facto de que produz cigarros ou muge vacas; em vez disso, ele mostra o movimento em si, a dinâmica em si - a força que sempre foi escondida atrás da boquilha ou das costas de Monty Banks.
Tendo treinado a lente da nossa câmara na ainda-a-experienciar dinâmica da vida metálica, industrial e socialista, seremos capazes de ver um mundo novo que ainda não foi expresso". Kazimir Malevich, "Leis da Pintura nos Problemas Cinematográficos" in Margarita Tupitsyn, Malevitch and Film, New Haven-London, Yale University Press-Fundação Centro Cultural de Belém, s.d. [2002], pp. 147-159. Texto originalmente publicado em 1929, no nº 7-8 da revista russa Cinema e Cultura (Kino i Kul'tura). Tradução a partir do inglês. Os links foram acrescentados ao texto original para o explicitar.
O J. Paul Getty (Los Angeles) dedicou ao trabalho fotográfico de Paul Strand (1890-1976), com Charles Sheeler (1883–1965) co-autor de Manhatta, uma importante exposição no ano passado (Maio a Setembro de 2005), colocando online muita informação sobre Strand, incluindo um link (para o Met de Nova Iorque) que permite ver Manhatta em "Real Video" ou em "Quicktime". O link do Met permite, ainda, ver outras obras sobre a cidade de Nova Iorque em Artists View - New York e ter acesso aos excertos do poema Leaves of Grass, de Walt Whitmann (1819-1892), que constituem os intertítulos do filme de Strand e Sheeler. O poema está acessível, na íntegra, no Projecto Gutenberg.
Manhatta e O Homem da Máquina de Filmar, hoje, no Ar.Co, a partir das 21 horas.
"Comparado com o Décimo Primeiro Ano, O Homem da Máquina de Filmar é um passo em frente, uma vez que já não representa um tema que mantém toda a sua imagem ao longo da duração do filme, representando antes o colapso do tema e mesmo a dissolução dos objectos no tempo, às custas da expressão dinâmica. (...) Ambas as produções são ainda mistas, com duas polaridades, ou duas imagens. A imagem do lixo e a imagem do movimento dinâmico. (...) No entanto, Dziga Vertov caminha inexoravelmente em direcção a uma nova forma de expressão dos conteúdos contemporâneos (...) - da pura força e dinâmica.
(...) A dinâmica é o verdadeiro alimento do cinema, a sua essência.
Dziga Vertov não tenta analisar ou justificar a máquina, centrando-se no facto de que produz cigarros ou muge vacas; em vez disso, ele mostra o movimento em si, a dinâmica em si - a força que sempre foi escondida atrás da boquilha ou das costas de Monty Banks.
Tendo treinado a lente da nossa câmara na ainda-a-experienciar dinâmica da vida metálica, industrial e socialista, seremos capazes de ver um mundo novo que ainda não foi expresso". Kazimir Malevich, "Leis da Pintura nos Problemas Cinematográficos" in Margarita Tupitsyn, Malevitch and Film, New Haven-London, Yale University Press-Fundação Centro Cultural de Belém, s.d. [2002], pp. 147-159. Texto originalmente publicado em 1929, no nº 7-8 da revista russa Cinema e Cultura (Kino i Kul'tura). Tradução a partir do inglês. Os links foram acrescentados ao texto original para o explicitar.
O J. Paul Getty (Los Angeles) dedicou ao trabalho fotográfico de Paul Strand (1890-1976), com Charles Sheeler (1883–1965) co-autor de Manhatta, uma importante exposição no ano passado (Maio a Setembro de 2005), colocando online muita informação sobre Strand, incluindo um link (para o Met de Nova Iorque) que permite ver Manhatta em "Real Video" ou em "Quicktime". O link do Met permite, ainda, ver outras obras sobre a cidade de Nova Iorque em Artists View - New York e ter acesso aos excertos do poema Leaves of Grass, de Walt Whitmann (1819-1892), que constituem os intertítulos do filme de Strand e Sheeler. O poema está acessível, na íntegra, no Projecto Gutenberg.
Manhatta e O Homem da Máquina de Filmar, hoje, no Ar.Co, a partir das 21 horas.
Etiquetas: Abstracção, Bibliografias, Cinema, Eisenstein, Exposições, Links, Malevich, Sheeler, Strand, Textos, Vanguardas, Vertov
2 Comments:
Então e comparando (já vi o post subsequente) "Sinfonia de uma Grande Cidade" e " O Homem da Câmara de Filmar"?
Há um expressar de dinamismo em ambos, seja o
dinamismo da cidade, o acordar da cidade ou o tal dinamismo em si.
By merdinhas, at 22/6/06 00:07
Essa pergunta tem resposta no texto de Malevich que é citado neste post: ele compara Vertov e Eisenstein, bem como o "Homem" e "Berlin" - Vertov sai sempre a ganhar, porque Malevich encontra nele menos anedótico, menos narrativa, uma imagem que vale mais por si do que em função de contar uma história ou veicular ideias que sejam independentes da imagem, que venham antes dela.
By otipodashistórias, at 22/6/06 11:37
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