Cruzamentos

quarta-feira, março 29, 2006

O pintor da câmara de filmar


6 minutos (quatro "cassettes") de película (de 9,5 mm) impressionada (com uma "Pathé Baby") por Edvard Munch no Verão (?) de 1927. Mais material no Munch Museet de Oslo.

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Courbet e o paisagismo no J. P. Getty

Gustave COURBET, L’Atelier, óleo sobre tela, 361x598, 1855, Musée d’Orsay, Paris

O J. Paul Getty Museum, de Los Angeles, oferece, "online", textos, imagens e explicações sonoras a propósito da exposição que dedica ao pintor francês oitocentista, Gustave Courbet (1819-1877).

A mesma sorte não tem Edvard Munch (1863-1944), exposto no MoMA (Nova Iorque), com pouca informação "online". É a primeira exposição americana do pintor norueguês nos últimos trinta anos.

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quarta-feira, março 08, 2006

"No jury, no prizes"

Publicidade de uma exposição nova-iorquina a inaugurar amanhã.

Um Marcel Duchamp a habitar Nova Iorque (a Grande Guerra começara em 1914 e terminaria em 1918), celebrizado pelo "Armory Show" de 1913, foi um dos fundadores da Society of Independent Artists, émulo americano da francesa Societé des Artistes Indépendants (a mesma que levantara obstáculos à exposição do Nu Descendant un Escalier, em Março de 1912), fundada em 1884.

Quando a opinião pública do presente se enerva com a arte contemporânea, considerando arrogante e ditatorial a possibilidade de propor qualquer objecto, imagem ou acção como "Arte", esquece ou ignora que isso acontece pelos motivos contrários aos que geram a irritação: hoje em dia, nenhuma entidade define o que é ou não a tal "Arte". A oitocentista Societé des Artistes surgiu da situação oposta: era a Academia que dizia quem era artista e o que era "Arte", e fazia-o periodicamente, aceitando ou recusando as obras que estariam expostas no anual "Salon". Um júri fazia a escolha. A Societé des Artistes quis furar essa censura prévia: qualquer sócio podia expor (em quantidade limitada, no entanto) aquilo que quisesse. O público decidiria.

A Society americana pretendeu fazer o mesmo: quem quisesse tornar-se sócio pagava 6 dólares e ganhava o direito de expor (com limitação de número) o que quisesse. Daqui, a queixa do Sr. Richard Mutt (ou de alguém tomando a defesa da sua causa), em 1917, na revista The Blind Man: "They say any artist who pays six dollars may exhibit. Mr. Richard Mutt sent in a fountain. Without discussion, this object disappeared and was never exhibited".

O Sr. Richard Mutt tinha adquirido um urinol, provavelmente da empresa J. L. Mott Ironworks, e enviara-o, para exposição, à Society of Independent Artists, de que era sócio. A peça foi excluída por decisão maioritária dos directores da sociedade. Marcel Duchamp demitir-se-ia. Rebentava a polémica.

Mutt e Duchamp parecem ter sido, no entanto, a mesma pessoa. Mas foi Marcel que escreveu à sua irmã Suzanne: "Uma das minhas amigas, sob um pseudónimo masculino, Richard Mutt, enviou um urinol como escultura". Mesmo a identidade sexual é posta em causa: o senhor ou a senhora Mutt? Em 1920 surgirá Rrose Sèlavy, outro heterónimo de Marcel - uma senhora que o amigo Man Ray fotografará para o rótulo de um frasco de perfume. Arte, escultura, instituições, processos, execução, originalidade, autoria: tudo claramente em questão.

O que sabemos daquela que é, hoje, uma das mais influentes peças da cultura artística do século XX é muito pouco. Sabemos que não é o primeiro "ready-made". A "Roda de Bicicleta" é de 1913. "Ready-made", uma arte "já pronta", um objecto pré-existente a que é alterado o estatuto ao ser proposto como obra de arte. A designação também é um "ready-made": vem da venda de roupa por catálogo, roupa "pronto-a-vestir", como dizemos hoje, por influência francesa ("prêt-à-porter"), oposto da roupa "tailor made", feita, à medida, por um alfaiate. A Fountain desapareceu: dela só restam fotografias - e a mais famosa, a de Alfred Stieglitz, publicada em The Blind Man, consiste numa encenação que não sabemos a quem atribuir. Duchamp, sabemo-lo através de outra fotografia, tinha o urinol pendurado no vão de uma das portas do seu estúdio nova-iorquino da Rua 67. Na Fountain até temos sorte: já a "Roda de Bicicleta" é, sobretudo, conhecida pela fotografia de uma terceira versão de 1951 - as diferenças entre versões são grandes e têm vindo a gerar relevantes discussões.

A história de Fountain é conhecida, sobretudo, devido ao trabalho de investigação histórica de William Camfield, de quem se poderá consultar, na biblioteca ("CD", isto é, "Centro de Documentação") do Ar.Co, "Marcel Duchamp's Fountain: Aesthetic Object, Icon, or Anti-Art?" in Thierry de Duve (org.), The Definitively Unfinished Marcel Duchamp, Cambridge-London, MIT Press, s.d. [1991].

Thierry de Duve faz um bom resumo dela em Voici, 100 Ans d'Art Contemporain, Paris, Ludion-Flammarion, s.d., pp. 28-29, obra também existente na biblioteca do Ar.Co.

"Online" existem excelentes recursos:
Especificamente sobre Fountain poder-se-à consultar o artigo respectivo em Unmaking the Museum: Marcel Duchamp's Readymades in Context, de Kristina Seekamp, e, no Art Science Research Laboratory, o muito esclarecedor texto de Michael Betacourt, The Richard Mutt Case: Looking for Marcel Duchamp's Fountain.

De um ponto de vista mais geral, o site Making Sense of Marcel Duchamp é uma viagem divertida e séria pela obra de Marcel Duchamp.
Existe uma Marcel Duchamp World Community, com muita informação e que inclui uma excelente revista cibernética, inteiramente dedicada ao tema, a Tout-Fait.
Principalmente para os francófonos, a z u m b a w e b d e s i g n dedica um site a Marcel Duchamp en Français sur le Web.

A Columbia University (Nova Iorque) disponibiliza alguns excertos de textos e conversas de Duchamp.

Os "links" do texto deste post contêm mais informação: explorem-nos. Em breve, colocarei novos "links" no blog, onde se deverá, também, buscar mais Duchamp.

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quarta-feira, março 01, 2006

Os Cruzamentos apresentam-se

Fotograma do genérico de Saul Bass para North by Northwest / Intriga Internacional (1959), de Alfred Hitchcock

O curso "Cruzamentos" vai funcionar, neste segundo semestre do ano lectivo 2005/06, em horário nocturno, entre as 21 e as 23 horas. Funcionará, apenas, em Lisboa, na Rua de Santiago, nº 18 (junto ao Castelo de S. Jorge). Às Segundas e Quartas.

Os alunos que frequentaram a "Arte Moderna" (I) no primeiro semestre continuarão a encontrar novidades neste curso do segundo semestre. De facto, cronologicamente, o curso iniciar-se-á onde o anterior terminou: nas heranças "pós-impressionistas" sobre as quais construirão os movimentos artísticos do início do século XX, rapidamente conduzindo às "abstracções" com origens nas "famílias" expressionista (Kandinsky), cubista (Delaunay) e futurista (Balla). Metodologicamente as opções são diferentes: ainda mais temático (do que "A Arte Moderna" (I)) e "cruzando" artes figurativas com arquitectura, música e cinema - com incursões pela literatura e artes cénicas. Fugindo, sempre, à ilustração dos "movimentos" artísticos que, no século XX, procuraram estender os mesmos princípios por uma pluralidade de áreas consideradas "artísticas" (pintura, arquitectura e cinema futuristas, por exemplo). Cruzar-se-á o aparentemente díspar, em busca da cultura de uma época.

No entanto, o curso integrará também, facilmente, aqueles alunos que procuram uma iniciação teórica à cultura artística contemporânea, sem a frequência anterior de nenhum tipo de curso teórico nesta (ou noutra) área.

Este "site" está em construção e servirá, principalmente, como uma introdução aos (muitíssimos) recursos oferecidos "online", através de "links" que ocuparão a coluna da direita (veja-se o "blog" "A Arte Moderna").

Fotograma do genérico de Saul Bass para North by Northwest /Intriga Internacional (1959), de Alfred Hitchcock

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