Frank Lloyd Wright, Robie Residence (1909), Chicago, Illinois
«Agora demonstrar-vos-ei por que razão a arquitectura orgânica é a arquitectura da liberdade democrática... Eis, digamos, a vossa caixa da construção (1): podeis fazer uma grande abertura, ou melhor, uma série de aberturas mais pequenas (2), se vos aprouver; subsiste sempre a envoltura dum embrulho algo estranho a uma sociedade democrática... Estudei suficiente engenharia para saber que os ângulos da caixa não constituem os pontos mais económicos para os pontos de apoio: tais pontos encontram-se colocados a uma certa distância dos extremos (3), porque aí se criam uns pequenos ressaltos laterais que reduzem a luz das vigas. Além disso, pode-se dar espaço à caixa (4) substituindo o velho sistema de apoio e de viga por um novo sentido da construção, qualificado pelos ressaltos e pela continuidade. É um processo de radical libertação do espaço, cuja manifestação se vê unicamente nas janelas angulares; em contrapartida, é nele que se encontra a substância da passagem da caixa à planta livre, da matéria ao espaço... Prossigamos. As paredes tornaram-se independentes, não se fecham mais, podem encurtar-se, ampliar-se, perfurar-se, ou por vezes eliminar-se (5). Liberdade e não aprisionamento; podeis dispor as paredes-diafragma como vos parecer melhor (6), porque o sentido da caixa fechada desapareceu. Mais ainda: se é valido na horizontal este processo de libertação, porque não há-de sê-lo na vertical? Ninguém olhou para o céu através da caixa precisamente daquele ângulo superior, porque ali estava a cornija, posta naquele lugar exactamente para que a caixa se tornasse mais evidente... Eliminei a opressão da clausura em todos os ângulos, no topo e nas restantes partes (7)... Agora o espaço pode expandir-se e penetrar no cerne da própria vida, como uma sua componente (8).»
Frank Lloyd Wright, An American Architecture, New York, Horizon Press, 1955, pp. 76-78, citado em Bruno Zevi (1918-2000), A Linguagem Moderna da Arquitectura, Lisboa, Dom Quixote, 1984, pp. 49-51.
Bruno Zevi, A Linguagem Moderna da Arquitectura, Lisboa, Dom Quixote, 1984, pág. 50. Os desenhos são de Bruno Zevi: os números referem-se à numeração incluida, por Zevi, no texto de Lloyd Wright. Clicar na imagem aumenta-lhe as dimensões
Bruno Zevi, A Linguagem Moderna da Arquitectura, Lisboa, Dom Quixote, 1984, pág. 44. Clicar na imagem aumenta-lhe as dimensões
A localização da Villa Savoye, de "Le Corbusier" (Charles-Edouard Jeanneret-Gris, 1887-1965), nos arredores de Paris (Poissy), pode ser encontrada em GreatBuildings.com (ver "Imagens", na barra de links), a par de muito material fotográfico do edifício.
Cartaz de Izrail Bograd (1899 - 1938 (?)) para o filme Aelita (1924) de Yakov Protazanov (1881 - 1945). Os cenários e figurinos do filme foram concebidos por Alexandra Exter (1882 - 1949)
As ilusões e desilusões das vanguardas cinematográficas soviéticas em breve revisão na Cinemateca Portuguesa, durante o mês de Março, sempre às 15:30.
Outras vanguardas e experimentalismos, em Março, na Cinemateca: de Lonesome (1928), de Paul Fejos (Sábado, 10), de Scherben (1921), de Lupu Pyck (Sábado, 24), e de Kuhle Wampe (1932), de Slatan Dudow, com argumento original de Bertolt Brecht (Sábado 17), às experiências da Zanzibar Films, na esteira do Maio de 68 (ainda é possível ver dois filmes de Serge Bard e um de Philippe Garrel, dias 7, 9 e 12) - passando pelos Dreams That Money Can Buy (1947), de Hans Richter (Sábado, 24), pelos filmes de Luis Buñuel, de Jean-Luc Godard e de Marco Ferreri. Ao lado do ruído de velhas e novas vanguardas, as austeridades de Rossellini e de Bresson não deixaram de fornecer materiais e exemplos a caminhos mais radicalmente experimentais - caminhos por onde também tem andado Manoel de Oliveira, agora a antestrear, em Portugal, uma nova obra (Belle Toujours). O programa é consultável no "site" da Cinemateca.
Erich Mendelsohn e Serge Chermayeff, De La Warr Pavilion, 1935, Bexhill-on-Sea, East Sussex, Reino Unido
Foi acrescentado à barra de links o excelente site britânico sobre arquitectura contemporânea (centrado na glória e revezes dos Modernismos) From Here to Modernity (Open2.net, da BBC). Com A Critical History of 20th-Century Art (na germânica Artnet), de Donald Kuspit, e Un Dialogue Féccond (no pedagógico SCÉRÉN), de Catherine Costes, poderá constituir uma pequena bibliografia básica online. O texto de Costes oferece uma visão muito sintética da arte do século XX, enquanto o de Kuspit referencia e discute uma grande quantidade de artistas e obras - se não se levar a parte "teórica" demasiado a sério, o texto ilustrado de Kuspit poderá ter uma grande utilidade. Acrescentem-se a essa bibliografia "virtual" os Dossiers Pédagogiques, do Centre Pompidou. Todos os links mencionados se encontram em "Recursos".
"I have no fear of changes... of destroying the image"
Pollock (1912-1956) a trabalhar, em 1950. Trata-se de um excerto (a correr em "loop" e com o som acrescentado "a posteriori") do filme de HansNamuth (1915-1990), também responsável pelas mais famosas e influentes fotografias do pintor norte-americano - em acção
"I enjoy working on a large canvas. I feel more at home, more at ease, in a big area.
Having the canvas on the floor I feel nearer, more a part of the painting. This way I can walk around it, work from all four sides and be in the painting, similar to the Indian sand painters of the West.
Sometimes I use a brush but often prefer using a stick. Sometimes I pour the paint straight out of the can. I like to use a dripping fluid paint. I also use sand, broken glass, pebbles, string, nails, or other foreign matter.
A method of painting is a natural growth out of a need. I want to express my feelings rather than illustrate them.
Technique is just a means of arriving at a statement. When I am painting I have a general notion as to what I am about. I can control the flow of the paint.
There is no accident, just as there is no beginning and no end. Sometimes I lose a painting, but I have no fear of changes... of destroying the image. Because a painting has a life of its own, I try to let it live" (Jackson Pollock, na banda sonora do filme de Namuth).
A fita de Namuth, rodada no Verão e no Outono de 1950, seria terminada em 1951, com a montagem de um herói do cinema alemão (montou o M (1930) de Fritz Lang, tendo colaborado no Tagebuch einer Verlorenen (1929), de Pabst, e no Vampyr (1932), de Dreyer), Paul Falkenberg (1903-1986), e com música de Morton Feldman (1926-1987) - porque Pollock achou a escolha de música indonésia, por Falkenberg, "exótica", concluindo "I'm an American painter!". O "YouTube" tem um muito melhor e mais longo exemplo de Pollock em acção do que aquele que aparece neste post: não deixem de ver.
O comentário "off" de Pollock, narrador do seu próprio trabalho, consiste numa "colagem" de afirmações do pintor aos media, como se poderá confirmar nas pp. 15-23 do volume Jackson Pollock - Interviews, Articles, and Reviews, New York, MoMA, s.d [1998], disponível no CD (biblioteca) do Ar.Co.
Ferramentas de trabalho para os alunos do curso "Cruzamentos". Coisas a saber: ◊ Este blog poderá funcionar menos bem se acedido através do browser "Internet Explorer". ◊ Os comentário são moderados: só depois de aceites por mim é que aparecem na janela respectiva (mas aparecerão). ◊ Cada "post" continuará a ser modificado (revisitem-nos).