Cruzamentos

quarta-feira, junho 28, 2006

Stand by

Making Sense of Modern Art, SFMOMA

Com o fim deste curso (2006), o blog dos Cruzamentos ganhará um ritmo mais lento e/ou irregular.

Como trabalho de casa ou para quem não veio tanto quanto queria ou não entrou no ritmo do curso, fica o Making Sense of Modern Art, do MoMA: uma revisão da matéria, cibernética e em tom de jogo de computador.

Os trabalhos em vídeo e o registo das efémeras performances podem ser vistos nos links ("Multimédia, Imagens em Movimento, Novos Média"), especialmente na MedienKunstNetz e no Video Data Bank. A Tate, através do magazine online ETC., oferece uma história da utilização artística do recente suporte no "Video History Project" - que inclui entrevistas com alguns dos protagonistas. Os "Online Projects" do MoMA não incluem apenas projectos pedagógicos (como o dedicado às Demoiselles d'Avignon, de Picasso), mas também trabalhos de artistas, especificamente concebidos para a net: um bom exemplo é TimeStream (2001), de Tony Oursler.

O blog muda de ritmo (e poderá parar temporariamente), mas não fecha: continuem atentos a novos materiais e intervenham com os vossos comentários.

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dada

Max Ernst (1891-1976), The Little Tear Gland That Says Tic Tac, 1920, gouache, lápis e tinta sobre papel de parede, montado em madeira, com inscrição a tinta, 36.2 x 25.4 cm

Grande exposição sobre o(s) movimento(s) dada no MoMA (18 de Junho a 11 de Setembro), depois da National Gallery of Art (encerrou em Maio) e do Centre Pompidou (encerrada em Janeiro). Boas apresentações online. O MoMA inclui a exibição de filmes.

Vale muito a pena uma ida ao Red Studio, ainda do MoMA.

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quarta-feira, junho 21, 2006

Abstracto & Concreto

O início de dois filmes separados por 32 anos: da abstracção para o concreto, da "criação pura" para a apropriação de imagens "reais" - do universal para o particular. "Berlin" parte da imagem "real" (a "Intriga" também, se contarmos com o leão da MGM, já sobre o fundo verde do genérico e com a música de Bernard Herrmann) para a "abstracção" e, daí, outra vez para a imagem real que irá, por sua vez, ser abstractizada, tornada dificilmente reconhecível, pela velocidade e pelo cinema. A "Intriga" parte de cima para baixo, do simples para o complicado, do abstracto para o concreto, do universal para o particular, até ao indivíduo concreto apanhado nas tramas que o ultrapassam: Roger O. Thornhill (Cary Grant). A "realidade" do leão é a da ficção cinematográfica e as linhas imateriais do desenho prenunciam as "tramas" que enredarão o protagonista (e são matrizes platónicas que precedem o mundo material, bem como as direccções, cruzadas, desse Norte e Ocidente referidos no título original North by Northwest). Ambos os filmes são apresentados sem som: para uma versão sonora do genérico da Intriga Internacional procure-se no You Tube. Uma versão integral do "Berlin", visível e descarregável (download) gratuitamente, encontra-se no Internet Archive - filme também acessível no Google Video, com outras preciosidades (cliquem em "Playlist", "From user" e "Related" - e façam, sempre, as vossas buscas).

Walter Ruttmann, Berlim: Sinfonia de uma Grande Cidade (1927), sequência inicial


Alfred Hitchcock, Intriga Internacional (1959), sequência inicial

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terça-feira, junho 20, 2006

2 ou 3 sinfonias urbanas

Paul Strand e Charles Sheeler, Manhatta, 1921 (fotograma)

"Comparado com o Décimo Primeiro Ano, O Homem da Máquina de Filmar é um passo em frente, uma vez que já não representa um tema que mantém toda a sua imagem ao longo da duração do filme, representando antes o colapso do tema e mesmo a dissolução dos objectos no tempo, às custas da expressão dinâmica. (...) Ambas as produções são ainda mistas, com duas polaridades, ou duas imagens. A imagem do lixo e a imagem do movimento dinâmico. (...) No entanto, Dziga Vertov caminha inexoravelmente em direcção a uma nova forma de expressão dos conteúdos contemporâneos (...) - da pura força e dinâmica.
(...) A dinâmica é o verdadeiro alimento do cinema, a sua essência.
Dziga Vertov não tenta analisar ou justificar a máquina, centrando-se no facto de que produz cigarros ou muge vacas; em vez disso, ele mostra o movimento em si, a dinâmica em si - a força que sempre foi escondida atrás da boquilha ou das costas de Monty Banks.
Tendo treinado a lente da nossa câmara na ainda-a-experienciar dinâmica da vida metálica, industrial e socialista, seremos capazes de ver um mundo novo que ainda não foi expresso". Kazimir Malevich, "Leis da Pintura nos Problemas Cinematográficos" in Margarita Tupitsyn, Malevitch and Film, New Haven-London, Yale University Press-Fundação Centro Cultural de Belém, s.d. [2002], pp. 147-159. Texto originalmente publicado em 1929, no nº 7-8 da revista russa Cinema e Cultura (Kino i Kul'tura). Tradução a partir do inglês. Os links foram acrescentados ao texto original para o explicitar.

O J. Paul Getty (Los Angeles) dedicou ao trabalho fotográfico de Paul Strand (1890-1976), com Charles Sheeler (1883–1965) co-autor de Manhatta, uma importante exposição no ano passado (Maio a Setembro de 2005), colocando online muita informação sobre Strand, incluindo um link (para o Met de Nova Iorque) que permite ver Manhatta em "Real Video" ou em "Quicktime". O link do Met permite, ainda, ver outras obras sobre a cidade de Nova Iorque em Artists View - New York e ter acesso aos excertos do poema Leaves of Grass, de Walt Whitmann (1819-1892), que constituem os intertítulos do filme de Strand e Sheeler. O poema está acessível, na íntegra, no Projecto Gutenberg.

Manhatta e O Homem da Máquina de Filmar, hoje, no Ar.Co, a partir das 21 horas.

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segunda-feira, junho 19, 2006

Fotografia visita os Cruzamentos

Dziga Vertov, O Homem da Máquina de Filmar (1929), fotograma do minuto 25:48. Máquinas de girar, de hipnotizar, de produzir (até arte): "Machines Tournez Vite!"

Na próxima Terça-Feira, dia 20 (amanhã!), numa co-produção (sem director executivo!) Fotografia - Cruzamentos, serão exibidos os filmes Manhatta (1921), de Paul Strand e Charles Sheeler, e O Homem da Máquina de Filmar (1929), de Dziga Vertov, acompanhados por excertos de Berlim, Sinfonia de uma Grande Cidade (1927), de Walter Ruttmann. No sótão do Ar.Co, a partir das 21 horas, em projecção video.

O cinema de Vertov entre a utopia abstractizante do suprematismo de Malevich e o imperativo construtivista da arte ao serviço da utilidade, do artista como trabalhador. Entre a inteligência e o risco, a manipulação e a descrição. Precursor de cinemas verdade e de reality shows televisivos.

Dois bons textos online sobre Dziga Vertov (1896-1954):
um artigo de Jonathan Dawson para Senses of Cinema e
"The Machine Art of Dziga Vertov and Busby Berkeley", de Nicole Armour, no nº 5 de Images.
A MedienKunstNetz dedica a O Homem da Máquina de Filmar um comentário breve e oferece acesso a bibliografia.

Dziga Vertov, O Homem da Máquina de Filmar (1929), fotograma do minuto 21:47: o cinema como trabalho manual

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quarta-feira, junho 14, 2006

Notícias: novos "links"

Katrin Freisager, sem título, 2002

Finalmente: a lista de "links", uma espécie de cibergrafia do curso, está provisoriamente concluída. Definitivamente provisória. Provisoriamente definitiva.

Explorem as novidades - e não esqueçam as antiguidades.

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terça-feira, junho 06, 2006

Das utopias abstraccionistas para a disrupção do quotidiano: o cinema continua!

Hans Richter (1888-1976), Rythmus 21 (1921)

O cinema continua nos Cruzamentos, Quarta-Feira, dia 7, com as marcas dada e surrealistas no cinema: Man Ray, Hans Richter, Léger, Duchamp, Germaine Dulac. A abstracção pelo movimento, a luz e a fotografia na racionalista máquina óptica do Sr. Moholy-Nagy, da Bauhaus, motivo para um filme (1930) de "imagem real", manipulada, abstracto como as animações da primeira metade dos anos 20. No sótão do Ar.Co, em projecção video (um luxo), a partir das 21:00.

Muitas das fitas em visionamento podem ser vistas e/ou importadas a partir da UbuWeb: de Buñuel a Vertov, são acessíveis a partir da página "film" do site. Se o software instalado no vosso computador não permitir o visionamento, podem importar (download) o filme para o vosso ambiente de trabalho para, depois, procurarem o programa capaz de ler o ficheiro. Importar ou carregar o filme para o ver são operações que, na maioria dos casos, demoram bastante tempo. É compatível com ir trabalhando.

Na referida página da UbuWeb (no topo da página) poderão encontrar outros sites, comerciais ou não, onde poderão ver, na íntegra ou parcialmente, algum cinema experimental.

Um dos maiores repositórios de informação online é oferecido e/ou coordenado pela Internet Archive, onde já pudemos ver o Couraçado Potemkine. Aquilo que parece ser um video amador captado durante uma exposição, mostra, no Internet Archive, a semi-esfera rotativa de Duchamp em acção. Explorem o site (encontrarão, por exemplo, também aqui, o Chien Andalou da dupla em desagregação Buñuel/Dali).

Material do início do século conjuga-se com as últimas experiências em video e imagem digital, no alemão MedienkunstNetz (com versão em inglês), onde já vimos a Opus I de Ruttmann - um "pacote" (1971?) constituído por várias "opus" de Ruttmann pode ser visto na (e importado a partir da) UbuWeb.

O excelente site Extra Ordinary Every Day, dedicado à Bauhaus pela Universidade de Harvard, apresenta online, entre muita informação, o filme (16 mm) de Moholy-Nagy, Lichtspiel (1930) e o funcionamento da máquina escultórica que nele protagoniza.

O Ballet Mécanique (1924), de Fernand Léger, fotografado por Dudley Murphy, é visível, em versão com banda sonora de George Antheil, em excerto, a partir da página "The Léger Film", no site "The Ballet Mécanique Page".

A partilha de ficheiros, desde os grupos do género "EMule", até aos recentes "Google Video", "YouTube" ou "OurMedia", podem oferecer acesso a algumas raridades, na íntegra ou em fragmento - nem sempre de boa qualidade. Algumas informações úteis podem ser encontradas neste post de um blog. L'Inhumaine de Marcel L'Herbier, por exemplo, tem parte do início no "You Tube", onde poderão encontrar O Gabinete do Doutor Caligari ou o Nosferatu, ambos em versão integral (o último também está no Internet Archive). La Coquille et le Clergyman ou o Berlin: Symphonie der Großstadt, bem como outros filmes de vanguarda e preciosidades diversas, encontram-se no Google Video, sobretudo graças à acção do site brasileiro Cinematógrafo.

Hans Richter (1888-1976), Filmstudie (1926)

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segunda-feira, junho 05, 2006

Fischinger e ETC.

Oskar Fischinger, Círculos (1933), filme de 35 mm, sonoro (© Elfriede Fischinger Trust)

Excelente artigo ("Where Abstraction and Comics Collide") de Esther Leslie sobre Oskar Fischinger, um dos pioneiros do cinema "abstracto" como pintura em movimento - e música visual. O artigo está disponível online na revista ETC., da Tate. O número 7 convoca Kandinsky, Rothko, Carl Andre, Leonora Carrington, Pierre Huyghe, John Constable, Marcel Duchamp, Howard Hodgkyn, James Boswell, Eva Hesse, Pablo Picasso, Thomas Johnson e reflecte sobre o preto como cor, a perspectiva, perversões sexuais num retrato do século XVI, práticas museológicas, a guerra e os postais ilustrados. Um luxo gratuito, consultável na íntegra.

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sexta-feira, junho 02, 2006

Cinema em cruzamento

Walter Ruttmann, pintura sem título, 1918


Próxima Segunda-Feira:

marcas expressionistas, futuristas, abstraccionistas, dada e surrealistas no cinema. A partir das 21 horas, no sótão do Ar.Co. 5 de Junho de 2006. Actuais e antigos/as alunos/as, respectivos amigos/as e namorados/as e penetras (respectivos e não respectivos): são todos bem-vindos
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Walter Ruttmann, Lichtspiel - Opus I (1921), na MedienKunstNetz

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As visões de Georges Bataille


Grande festa (a convite da nossa colega Luísa Torres) em Undercover Surrealism: Picasso, Miró, Masson and the Visison of Georges Bataille. Picasso e Hollywood, prostituição parisiense, Masson, Duke Ellington e Stravinsky! Na Hayward Gallery, na margem Sul de Londres (11 de Maio a 30 de Julho) - e na Internet.

Biografias dos principais colaboradores da revista Documents, textos do Dictionnaire Critique (em inglês) em confronto com a definição do Oxford Concise Dictionary e ruídos asquerosos acompanhando a frenética sucessão de imagens pouco edificantes.

Grande festa, a não perder sob nenhum pretexto em Serralves, já a partir de amanhã! Tudo à borla! Bom Fim-de-Semana!

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quinta-feira, junho 01, 2006

Música, matéria e desordem: discografia (utilizada)

Edgar Varèse, diagrama para Poème Électronique (1957-58)

  • George Antheil (1900-1959), excerto de Ballet Mécanique (1924): banda sonora de uma nova versão do filme homónimo de Léger, em link na Ballet Mécanique Page.


  • Edgar Varèse (1883-1965)), excerto de Amériques (1918-22): New York Philarmonic, dirigida por Pierre Boulez, Sony Classical.


  • John Cage (1912-1992), Sonata XIII for Prepared Piano (1946-48): Peter Roggenkamp, Wergo.


  • Luciano Berio (1925-2003), excerto de Sequenza III (1966): Cathy Berberian, Philips (coleccção Silver Line Classics). Poema de Markus Kutter.


  • Luciano Berio (1925-2003), excerto de A-Ronne (1974): Swingle II, Decca. Poema de Edoardo Sanguineti.


  • "Luciano Berio (…) pertence ao movimento de acelerada desconstrução que assalta os princípios e níveis do discurso musical (…). Em Sequenza III não se contenta com o movimento crítico (desordem sonora na ordem musical) que referimos atrás. Prefere inverter os papéis, atribuindo à região musical um coeficiente elevado a uma organização secundária [a da ordem, a do ego, a da linguagem], enquanto a fala surge abalada até às suas raízes fonéticas pelo processo primário [o do inconsciente]", Jean-François Lyotard, "A Few Words to Sing" in Adam Krims (dir.), music/ideology. resisting the aesthetic, Amsterdam, G+B Arts International, s.d. [1998], pág. 17. Traduzido do inglês. As frases entre parêntesis rectos explicam conceitos e são acrescentadas ao texto original.



    Edgar Varèse, Ionisation (1929-31), na UbuWeb. Com notas de audição em Edgar Varèse, Father of Electronic Music

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